18 maio 2009

Temas controversos - Ortodontia X necrose pulpar


Na edição de dezembro/janeiro de 2005 da revista Dentalpress o professor Alberto Consolaro tratou do tema "Necrose pulpar durante o tratamento ortodôntico" na sua coluna "Controvérsias na Ortodontia".

Este é um tema muito interessante pois nós ortodontistas constantemente estamos lidando com pacientes que vez ou outra (antes, durante ou após o tratamento) precisam consultar com outro dentista. As razões mais frequentes são: tratamentos restauradores, profilaxias, implantes, fechamento de diastemas com resinas, próteses e tratamentos endodônticos.

É muito importante o Ortodontista ficar atento quanto a necessidade da realização de outros tratamentos. Isto por que é responsabilidade sua orientar e alertar o paciente sobre esta necessidade.

Uma ocorrência frequente, principalmente de pacientes adultos, é complicação endodôntica de alguns dentes. Não é incomum o paciente ou o colega que irá fazer o tratamento apontar como causa do problema o tratamento ortodôntico.

De acordo com Consolaro, durante a movimentação ortodôntica de dentes com tratamento endodôntico pode acontecer:

1. Permanência da estrutura apical convencional, sem qualquer reabsorção;

2. Reabsorção apical com o cone de guta-percha ou material obturador ultrapassando os limites, tendo-se a impressão de sobre obturação. Nestes casos, pode permanecer sem sintomatologia, ou com o paciente reclamando eventualmente de discretas "pontadas" durante a mastigação.

3. Reabsorção apical com reabertura de canais laterais, acessórios e secundários, reaparecimento de irregularidades morfológicas reparadas anteriormente e exposição de túbulos dentinários com produtos bacterianos que estavam obliterados pelo reparo apical.


Uma ou mais dessas situações, podem induzir a reativação de lesões periapicais como pericementite e granulomas periapicais. Neste caso será necessário providenciar o retratamento endodôntico e a "culpa" não deve ser atribuída nem ao ortodontista, nem ao endodontista, pois é decorrência de uma abordagem terapêutica e representa um custo biológico para o paciente.

O autor lembra ainda que quando houver uma situação de necessidade de endodontia durante o tratamento ortodôntico pode ser interessante que se evite a obturação definitiva do canal neste período. Uma vez controlada a infecção no canal radicular e se o mesmo estiver preparado para receber a obturação, pode-se promover o preenchimento com hidróxido de cálcio em períodos sucessivos até a conclusão do tratamento ortodôntico.

Desta forma se evitará "sobre-obturações" e/ou reativação de lesões. O autor salienta ainda que a função do hidróxido de cálcio não é a de evitar a reabsorção apical induzida pelo tratamento ortodôntico e sim postergar a obturação definitiva para evitar a pseudo-sobre-obturação do canal e evitar possíveis reativações posteriores de lesões periapicais inflamatórias.

Há uma outra razão interessante em não se obturar definitivamente um canal durante o tratamento ortodôntico. No retratamento de um dente em que o cone vai até/além do ápice dental no momento da desobstrução o endodontista acaba por empurrar a ponta do cone para além do ápice. Isto torna muitas vezes necessário fazer um acesso cirúrgico ao ápice para remover a ponta do cone.

Link para download do artigo

Nenhum comentário: