07 novembro 2009

Artigo Nacional - Comportamento do Canino Permanente na Área da Fissura Frente ao Enxerto Ósseo Secundário

Omar Gabriel da Silva Filho


Seguindo a solicitação do nosso leitor tbonatto, apresento este trabalho do Dr. Omar Gabriel.

Introdução

Do ponto de vista ortodôntico, o que as fissuras pré-forame incisivo completa (fissura de lábio e rebordo alveolar) e transforame incisivo (fissura completa de lábio e palato) guardam em comum diz respeito ao comprometimento do rebordo alveolar.

As cirurgias plásticas primárias, realizadas nos primeiros meses (queiloplastia) e anos de idade (palatoplastia), reparam o defeito no tecido mole, deixando uma fissura alveolar residual. A
persistência do defeito osso alveolar constitui um limite para a futura terapia ortodôntica já que por princípio os dentes só podem ser movimentados dentro do osso. Diante deste limite, a reabilitação desses pacientes combina o alinhamento dos dentes nos seus respectivos segmentos alveolares com a subseqüente reposição protética do incisivo lateral.

Acompanhe o recente protocolo de tratamento das fissuras de lábio e palato (fissura transforame incisivo unilateral) na paciente apresentada nas figuras abaixo.



O limite anatômico imposto pela descontinuidade do tecido alveolar foi vencido pelo preenchimento completo do defeito ósseo com osso medular esponjoso autógeno, retirado da crista ilíaca, num procedimento cirúrgico definido como enxerto ósseo.

De acordo com a época de realização, o enxerto pode ser considerado primário, secundário e terciário (ou tardio).

O enxerto é dito primário quando realizado na primeira infância, na mesma época das cirurgias plásticas primárias.

Quando realizado mais tarde, no final da dentadura mista, recebe o nome de enxerto ósseo secundário.

O enxerto ósseo na dentadura permanente, realizado após o término do tratamento ortodôntico corretivo, também muito usado, recebe o nome de enxerto ósseo tardio ou terciário.

A julgar pela criteriosa literatura, o enxerto ósseo secundário concilia oclusão e face ao transformar o alvéolo fissurado num alvéolo íntegro, sem potencializar o já conhecido efeito iatrogênico das cirurgias primárias sobre o crescimento da maxila. O osso medular enxertado preenche a fissura alveolar residual incorporando-se anatomicamente ao osso adjacente, tornando-se indistingüíveis na imagem radiográfica após um período médio de 3 meses.

O benefício mais importante do enxerto ósseo secundário, do ponto de vista ortodôntico, é que, além do padrão estrutural adquirido na radiografia, o osso recém-enxertado assume para si as funções do osso alveolar, permitindo inclusive a migração espontânea do canino adjacente em formação e em irrupção ativa.

Quando o canino não irrompe espontaneamente , é possível lançar mão do tracionamento ortodôntico. De uma ou de outra maneira, o dente ao irromper traz consigo o periodonto de sustentação e proteção, mantendo na maior parte das vezes uma boa altura do septo ósseo interdentário, razão pela qual os resultados periodontais são superiores quando o enxerto ósseo precede o aparecimento do canino na cavidade bucal.

Com o novo protocolo de tratamento a ortodontia subordinou-se ao enxerto ósseo secundário, centrando a fase ativa da mecanoterapia em 2 estágios bem definidos: pré e pós enxerto ósseo secundário.

A fase pré-enxerto ósseo prepara o arco dentário superior para receber o osso, proporcionando assim melhor acesso ao cirurgião no trans-operatório, e alinha os incisivos permanentes quando necessário. Esse preparo inclui mecânica predominantemente transversal, com a expansão ortodôntica ou preferencialmente ortopédica. Ocasionalmente a mecânica transversal pode ser complementada com a ortopedia sagital, diante da tração reversa da maxila, nos casos de deficiência sagital tratável ortodonticamente.

A ortodontia pós-enxerto ósseo, agora na ausência da fissura alveolar, tem início 3 meses após o preenchimento ósseo, na dependência do exame radiográfico, e objetiva o posicionamento final dos dentes permanentes, incluindo a movimentação de dentes na área enxertada. O auto-transplante de osso elimina o defeito ósseo como limite para o planejamento ortodôntico.

O presente trabalho de pesquisa retoma o tema do enxerto ósseo secundário e propõe a estudar longitudinalmente o comportamento do canino permanente na área da fissura, após o enxerto ósseo secundário.

A amostra consistiu de 50 pacientes, sendo 32 homens e 18 mulheres, na faixa etária inicial compreendida entre 8 anos e 10 meses e 15 anos. 12 pacientes eram portadores de
fissura pré-forame unilateral completa e 38 pacientes eram portadores de fissura transforame unilateral . Esses pacientes receberam o enxerto ósseo secundário antes da irrupção do canino permanente e foram avaliados longitudinalmente por um período que variou de 1 ano a 5 anos

Os cinqüenta pacientes que receberam o enxerto ósseo antes da irrupção do canino permanente, na faixa etária compreendida entre 8 e 15 anos, foram acompanhados por um período médio de 3 anos. Os caninos na área da fissura tenderam a irromper através do osso enxertado, numa velocidade média de 0,3mm ao mês - 72% da amostra (36 pacientes) tiveram irrupção espontânea do canino na área enxertada; 6% da amostra (3 pacientes) submeteram-se ao tracionamento ortodôntico.



O artigo completo pode ser encontrado aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

sou dentista estudando ortodontia.gostaria de maiores informações tecnicas de tracionamento de caninos pela vestibular em relação a força que pode ser realizada sob este dente que tem um periodonto diferenciado.

emmocny@hotmail.com

Ricardo Nader disse...

Amigo, fique atento no nosso site que sempre estarei colocando material sobre este tema.
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