09 novembro 2009

Achados incidentais de patologias e anormalidades em radiografias panorâmicas pré-tratamento ortodôntico

Lars Bondemark; Malin Jeppsson; Lina Lindh-Ingildsen; Klara Rangne

(Incidental Findings of Pathology and Abnormality in Pretreatment Orthodontic Panoramic Radiographs)

Este trabalho foi publicado em 2006 na Angle Orthodontist e expressa a razão de eu ter criado as postagens "alterações em radiografias panorâmicas".


Introdução e metodologia

Radiografias são rotineiramente incluídas na bateria de exames utilizados no plano de tratamento ortodôntico. Há relatos de que 90% dos ortodontistas solicitam radiografias panorâmicas e laterais de cabeça para os seus pacientes e que as radiografias panorâmicas são os exames radiográficos mais solicitados.

As radiografias panorâmicas são primariamente utilizadas para diagnosticar dentes ausentes , supranumerários e para avaliar o padrão de erupção e posicionamento dentário. As radiografias panorâmicas são também instrumentos para detecção de patologias em tecidos moles e duros. A frequência esperada em que o ortodontista possa detectar anormalidades ou patologias num paciente é de interesse clínico pois em alguns casos tais achados podem requerer intervenção médica ou odontológica.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência e localização de achados incidentais de patologias e anormalidades em radiografias panorâmicas realizadas antes do tratamento ortodôntico.

Um total de 496 pacientes com idade média de 11.2 anos que iriam se submeter a tratamento ortodôntico participaram do estudo. As suas radiografias formam examinadas por radiologistas. Achados como cáries, dentes ausentes ou supranumerários foram descartados.
(mais detalhes da metodologia do estudo podem ser vistos no artigo completo)


Resultados

Das 496 radiografias foram encontradas alterações em 43 pacientes e um total de 56 achados foram detectados. As radiografias de 33 pacientes tiveram 1 achado, 7 pacientes 2 achados e 3 pacientes 3 achados.

Os achados mais comuns foram radiopacidades no osso alveolar (4,4%), a maioria foi diagnotiscada como esclerose idiopática; espessamento da mucosa do seio maxilar (3,0%); lesões inflamatórias periapicais (2,0%). A prevalência de cistos dentígeros foi de 0.6%, e cistos no osso alveolar e odontomas 0.4% cada um. Alterações na morfologia dental foi de 0.2% e perda óssea marginal em 0.2% dos pacientes.

Radiopacidade no osso alveolar mandibular


A maioria da radiopacidades (19 dos 22) e das inflamções periapicais ( 8 de 10) foram na mandíbula. Não houve diferenças significantes em relação aos lados direito e esquerdo.


Localização anatômica dos achados patológicos e anormais encontrados na pesquisa.


Discussão

O maior resultado deste estudo é que a cada 10 pacientes que irão se submeter ao tratamento ortodôntico 1 mostrou anormalidades ou patologias na radiografia panorâmica. A frequência dos achados demonstrou que é importante o clínico ou o ortodontista analizar cuidadosamente as radiografias panorâmicas não apenas da perspectiva ortodôntica, mas também por achados acidentais de patologias e anormalidades.

Em relação aos achados mais frequentes, as lesões periapicais requerem intervenção. O espessamento da mucosa sinusal normalmente não requer tratamento, mesmo em alguns casos sintomáticos. A maioria das radiopacidades foi relacionada a esclerose idiopática que normalmente não são sequelas de inflamações ou doença sistêmica. Tem sido afirmado que muitas radiopacidades descritas como esclerose idiopática podem resultar de variações de desenvolvimento da estrutura óssea normal.

A maioria dos achados não necessitou de intervenção médica ou odontológica. Contudo, em 32% dos achados (18 de 56) foi preciso intervenção odontológica independente do tratamento ortodôntico.

Conclusões

  • 8,7% dos pacientes que estão prestes a iniciar um tratamento ortodôntico apresentam achados patológicos ou de anormalidades;
  • os achados mais comuns foram radiopacidades no osso alveolar diagnosticados como esclerose idiopática, espessamento da linha da mucosa do seio maxilar e lesões inflamatórias periapicais;
  • 32% dos achados precisam de tratamento.


O artigo completo pode ser encontrado aqui.

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