15 junho 2010

Principais Indicações e Efeitos da Ancoragem Occipital

Ricardo Nader




Principais Indicações e Efeitos da Ancoragem
Extrabucal Occipital (I.H.G.) no Tratamento de
Jovens com Má oclusão de Classe II, 1ª Divisão
de Angle: Apresentação de um Caso Clínico
                                                   José Fernando Castanha Henriques



A ancoragem extrabucal ainda é um dos recursos mais utilizados e recomendados no tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão caracterizada por protrusão maxilar e/ou dentoalveolar. Este trabalho tem como objetivo abordar as principais indicações e os efeitos da ancoragem extrabucal occipital (I.H.G.), assim como apresentar um caso clínico tratado com essa metodologia associada à terapia ortodôntica fixa sem extrações.

Introdução

Atualmente, um dos grandes desafios dos ortodontistas é a correção das más oclusões de Classe II. Embora não seja a mais freqüente na população, ela está presente na maioria dos pacientes que procuram por tratamento ortodôntico, abrangendo 57,8% do total.

Para os casos de Classe II com protrusão maxilar e/ou dentoalveolar, um dos tratamentos mais recomendados é a ancoragem extrabucal,  podendo ser alta ou parietal (“High Pull”), média ou occipital (“Interlandi Head Gear”) e baixa ou cervical (“Kloehn Head Gear”).

O objetivo deste trabalho é discorrer sobre as principais indicações e efeitos da ancoragem extrabucal occipital ( I.H.G.) e ilustrá-los com um caso clínico tratado com essa metodologia associada a um aparelho fixo da técnica “Edgewise” simplificada.

Revisão de literatura

Em 1962 INTERLANDI idealizou um aparelho extrabucal que foi denominado
I.H.G. (Interlandi Head Gear). Esse aparelho constituia-se de tiras de apoio em número de três, que se adaptavam nas áreas cervical, occipital e parietal, juntavam-se à frente da orelha por meio de uma lâmina plástica em forma de C, com ranhuras na borda interna que permitiam variar a direção dos elásticos, os quais iriam tracionar, por sua vez, o arco externo e o interno, ajustado nos tubos molares.

INTERLANDI, assim como BAPTISTA, relataram que o I.H.G. era um aparelho extrabucal particularmente vantajoso para padrões dolicofaciais, pois conseguia impedir a indesejável extrusão dos molares superiores.

Em pacientes dolicofaciais, cujo crescimento é predominantemente vertical e o padrão muscular é pobre, contraindica-se a extrusão dos molares superiores, pois a mandíbula, neste caso, iria girar em sentido horário, retraindo o mento e aumentando ainda mais a altura facial ântero-inferior. Tudo isso contribuiria para um perfil ainda mais empobrecido. ( Interessante esta observação do autor, pois aqui o perfil piora não pela retração dos dentes anteriores, mas pelo aumento da AFAI)

Neste caso, a direção da tração deve ser ao nível da fissura pterigomaxilar, comprimindo a parte posterior da maxila contra os ossos adjacentes, impedindo que ela se desloque para baixo, neutralizandose a rotação mandibular.

Em ortodontia corretiva, no tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão em pacientes com padrão de crescimento vertical, principalmente em casos limítrofes entre extração e não extração, seria preferível à extração de dentes, pois isto ajuda a controlar a dimensão vertical. Do mesmo modo, acredita-se que a extração deve ser evitada nos pacientes braquifaciais para inibir uma excessiva diminuição da altura facial.

Portanto, o uso correto das forças ortopédicas extrabucais determinará o resultado clínico final. A força deverá ter uma direção pré-estabelecida de acordo com o padrão de crescimento e com o padrão muscular, além de criteriosa consideração acerca do estágio de crescimento e intensidade de forças a serem aplicadas.


Principais Indicações do I.H.G.

- Pacientes Classe II mesofaciais;
- Pacientes Classe II dolicofaciais suaves;
- Mordidas abertas esqueléticas;
- AEB conjugado a aparelhos removíveis;
- Ancoragem durante a mecanoterapia com aparelhos fixos.
- Associado a aparelhos ortopédicos funcionais;
- Durante a expansão rápida da maxila em pacientes dolicofaciais, a fim de minimizar o efeito colateral de aumento acentuado da AFAI.

Principais Efeitos do I.H.G.

• Efeitos ortodônticos

- Distalização dos molares superiores, para obtenção da relação molar normal;
- Controle de uma possível extrusão dos molares superiores ou, em alguns casos, a possibilidade de intruí-los;
- Durante a distalização, os molares superiores apresentam pequena tendência de inclinação das raízes para distal, principalmente quando comparados com a tração cervical;
- O risco de impacção dos segundos molares superiores permanentes é baixo.

• Efeitos ortopédicos

- Restrição do crescimento maxilar no sentido ântero-posterior identificada por uma diminuição significativa do ângulo SNA;
- Melhor relacionamento entre as bases ósseas (ângulo ANB);
- O mento adquire, em geral, uma posição mais anterior quando comparado à tração cervical;
- A altura facial ântero-inferior (AFAI), em alguns estudos, chegou a diminuir ao final do tratamento; em outros, houve pequeno aumento, quando a tendência era aumentar acentuadamente, principalmente em pacientes com AFAI aumentada ou em pacientes com tendência de crescimento vertical;
- Com o controle do desenvolvimento vertical da maxila, a tendência de rotação horária da mandíbula diminui, auxiliando na melhora do perfil facial do paciente e no relacionamento dos molares.



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