20 fevereiro 2010

Considerações sobre extração seriada - Parte I

Ricardo Nader


No ano passado o representante da GAC no Brasil fez uma promoção em que compras de um determinado valor eram premiadas com um livro de um autor chamado Anthony Gianelly. Eu ganhei este livro. A edição que possuo é uma tradução de professores da PUC de Belo Horizonte coordenados pelo Prof Eustáquio Araújo.
Colocarei aqui algumas considerações a respeito das extrações seriadas retiradas deste livro.



O termo extração seriada se refere ao processo que se inicia na dentição mista, com o diagnóstico de um apinhamento dos incisivos que estará presente na dentição permanente. Para resolver este provável apinhamento, fazendo-se espaço suficiente para irrupção dos caninos, é feita uma sequência de extrações de dentes decíduos e permanentes.


O esquema de extração envolve a remoção imediata dos dentes decíduos e, quando já irrupcionados( para preservar o processo alveolar), dos 4 primeiros pré-molares. As extrações têm início ainda na dentição mista com o intuito de abrir espaço para o alinhamento espontâneo dos incisivos e estimular a irrupção dos primeiros pré-molares. Já a extração dos primeiros pré-molares propicia espaço para a irrupção dos caninos.


Uma vez que os incisivos tendem a se alinhar espontâneamente e os caninos, a erupcionar distalmente no espaço criado pela extração dos primeiros pré-molares, muito da correção necessária ocorre sem intervenção. Desta forma, a extração seriada reduz tanto a severidade do apinhamento quanto a complexidade de uma futura mecanoterapia. Além disso, o movimento mesial dos dentes posteriores para o espaço da extração dos pré-molares reduz ainda mais esse espaço, o que deixa apenas uma pequena quantidade do mesmo para se fechar posteriormente.


A sequência de extração mais comum inicia-se com a extração dos caninos decíduos ( isto muita vezes ocorre causado pela erupção do incisivo lateral permanente) ou dos primeiros molares decíduos. Isso propicia espaço para alinhamento espontâneo dos incisivos e estimula a irrupção dos primeiros pré-molares de maneira que eles possam ser extraídos antes dos aparecimento dos caninos permanentes. Isso significa que um padrão de irrupção é favorável quando os primeiros pré-molares antecedem os caninos. No arco superior, é o que normalmente ocorre. No arco inferior, entretanto, o padrão de irrupção varia. O primeiro pré-molar pode irrupcionar antes ou depois do canino.


A decisão de se extrair o canino ou o primeiro molar decíduo é mais frequentemente baseada no padrão de irrupção dos caninos permanentes e dos pré-molares. Se o padrão indica que o primeiro pré-molar está irrupcionando antes do canino ( o que é favorável) o canino decíduo é extraído primeiro. Na sequência, são extraídos o primeiro molar decíduo e o primeiro pré-molar.


Se, por outro lado, o canino está irrupcionando na mesma época ou antes do primeiro pré-molar ( o que é desfavorável), o canino decíduo não é extraído numa tentativa de retardar a irrupção do canino permamente. Extrai-se então o primeiro molar decíduo na expectativa de que seja acelerada a irrupção do primeiro pré-molar.


Leva-se em consideração também a formação radicular. De um modo geral, os dentes tendem a irrupcionar quando 3/4 de suas raízes estiverem formadas. Entretanto, se um dente decíduo é extraído ou esfoliado estando já formada pelo menos a metade da raíz do permanente, há uma tendência de se acelerar a irrupção do permanente. Se a extração ocorrer antes, a velocidade de irrupção pode ser diminuída. Por este motivo deve-se avaliar a formação radicular do permanente antes de se fazer as extrações.

2 comentários:

Amilton disse...

Muito bom o post! Parabéns amigo! abs

Ricardo Nader disse...

Olá Amilton! Obrigado. Fique de olho que ainda tem uma sequência.