11 setembro 2010

Perguntas e respostas sobre braquetes autoligados - Primeira parte

Ricardo Nader


Na revista AJODO edição de agosto de 2010 veio uma seção muito interessante com perguntas e respostas sobre braquetes autoligados. A primeira parte trata da expansão lateral dos arcos dentários.

Embora os braquetes autoligados tenham sido introduzidos há 75 anos atrás, avanços recentes tem resultado num número de novos "sistemas de braquetes autoligados" e de um grande interesse no seu uso. Muito desse interesse tem sido por causa de informações comparando os benefícios dos braquetes autoligados em relação aos convencionais. Frequentemente, estas informações vêm de materiais de marketing, sem referências afirmando que os braquetes autoligados são superiores aos convencionais.

A adesão aos princípios da prática da Ortodontia baseada em evidências exige que, para qualquer intervenção ortodôntica aplicada a um paciente, três fatores devam ser integrados: as provas científicas, a perícia do profissional e as preferêncais e necessidades do paciente.

O conselho de assuntos científicos da Associaçao Americana de Ortodontistas (COSA) olhou para este tema a partir deste ponto de vista.

Especificamente, COSA perguntou: Qual é a força das evidências científicas para suportar afirmações que os sistemas autoligados são superiores aos convencionais? Para as mais notáveis afirmações, as respostas a estas perguntas são dadas abaixo:

A expansão lateral da arcada dentária por braquetes autoligados faz "crescer" osso alveolar vestibular?

Esta afirmação é fracamente apoiada por evidências de baixo nível e não foi confirmada de forma independente. Atualmente, nenhuma evidência científica revisada por pares* apóia esta afirmação. As evidências em apoio desta afirmação vem de poucos relatos de casos que devem ser interpretados com cautela.
As provas de que não corroboram esta afirmação, encontradas numa tese e num resumo, também constituem apenas provas fracas que devem ser interpretadas com cautela.

*Revisão por pares ( peerreviewed)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Nos meios acadêmicos, a revisão por pares, também chamada revisão paritária ou arbitragem (peer review, refereeing, em inglês) é um processo utilizado na publicação de artigos e na concessão de recursos para pesquisas. Consiste em submeter o trabalho científico ao escrutínio de um ou mais especialistas do mesmo escalão que o autor, que se mantêm anônimos ao autor. Esses revisores anônimos frequentemente fazem comentários ou sugerem a edição do trabalho analisado, contribuindo para a qualidade do trabalho a ser publicado. Aquelas publicações e prêmios que não passaram pela revisão paritária tendem a ser vistos com desconfiança pelos acadêmicos e profissionais de várias áreas.


A expansão lateral da arcada dentária por braquetes autoligados é comparável em ganho com a expansão rápida da maxila (ERM), seguido pelo  tratamento convencional edgewise?

Esta afirmação é fracamente apoiada por evidências de baixo nível, não foi confirmada de forma independente e não é apoiada por nenhuma evidência científica revisada por pares.  Os elementos de prova que apoiam  esta afirmação vêm de uma dissertação e devem ser interpretados com cautela até que seja confirmado independentemente numa revisão por pares.

Nenhum estudo revisado por pares foi encontrado na literatura comparando a expansão lateral do arco dental entre auto-ligadura e sistema convencional edgewise com ou sem ERM.

A expansão lateral da arcada dentária por braquetes autoligados é estável no longo prazo?

Esta afirmação é fracamente apoiada por evidências de baixo valor científico que não foram confirmadas independentemente.
 
Alguns relatos de caso têm avaliado a estabilidade de longo prazo de expansão lateral  do arco dental com sistemas autoligados. Esses relatos de casos constituem apenas provas de baixo nível, e seus resultados devem ser interpretados com cautela até que sejam confirmadas por dados revisados independentemente.

Em contraste, a estabilidade a longo prazo da ERM foi avaliada por uma sistemática revisão de ensaios clínicos. A expansão residual 1 ano pós-contenção do tratamento com aparelhos fixos e RME medida na largura intermolares é de aproximadamente 4 mm.


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3 comentários:

Anônimo disse...

Pela minha experiência clínica de 16 anos usando BTP, acredito que barra transpalatina(BTP)não promove intrusão significativa em molares de pacientes adultos. A intrusão bilateral pode acontecer em pacientes com crescimento formativo (dentição mista) ou de maneira unilateral quando uma unidade estabilizadora unilateral é formada e ativação de intrusão para o molar do lado oposto é realizada.

Anônimo disse...

VItor Hugo Panhoca
www.panhocaorto.odo.br

Ricardo Nader disse...

Olá Dr. Vitor, concordo plenamente com você. O Dr. Adilson fala a mesma coisa no artigo.