Prevalência de alergia a nível e avaliação a longo prazo de alterações periodontais em pacientes ortodônticos alérgicos
Camila Alessandra Pazzini; Gilberto Oliveira Junior; Leandro Silva Marques;
Cassio Vicente Pereira; Luciano Jose Pereira
Cassio Vicente Pereira; Luciano Jose Pereira
Este artigo está na última edição do site Angle Orthodontist e tem como um dos autores um cidadão de Guanambi, Leandro Silva Marques (conhecido por estas bandas como Leandrão!).
Tomarei a liberdade de fazer uma tradução livre, fiel ao texto, das partes que considero mais importantes.
Introdução
Reações adversas relacionadas aos aparelhos fixos e removíveis têm sido uma preocupação tanto para ortodontistas quanto para pesquisadores. O níquel é frequentemente apontado como um sensibilizador biológico capaz de causar reações alérgicas a curto e longo prazo.
Alterações clínicas com gengivite, hiperplasia gengival, sensação de queimação na boca, gosto metálico, queilite angular e periodontite podem estar associados com a liberação de níquel dos aparelhos ortodônticos. Estima-se que de 10 a 30 por cento das mulheres e de 1 a 3 por cento dos homens apresentam reação hipersensivel ao níquel.
Durante o tratamento ortodôntico pacientes sensíveis estão com grande risco de terem desconforto oral, o que é um obstáculo tanto para a higiene quanto para o tratamento. Como aparelho ortodôntico dificulta a higiene oral, biofilme dental acumula com grande facilidade nos dentes e no aparelho na maioria dos pacientes. Quando este biofilme torna-se espesso e fica
presente por um longo tempo, há um aumento da condição anaeróbica favorecendo a corrosão dos metais do aparelho.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de indivíduos com alergia ao níquel numa população de pacientes ortodônticos e longitudinalmente comparar a situação periodontal destes indivíduos com um grupo de pacientes não alérgicos.
Materiais e métodos
Foram selecionados 96 indivíduos que iniciaram ao mesmo tempo um tratamento ortodôntico.
Antes da colocação dos aparelhos os pacientes receberam orientações em higiene e foram submetidos a uma profilaxia com bicarbonato.
As características clínicas gengivais foram avaliadas no início do tratamento e a situação periodontal foi reavaliada a cada três meses num tempo total de doze meses desde que os braquetes foram colocados.
Nove meses após o início do tratamento a prevalência de pacientes com alergia ao níquel foi avaliada através de testes epicutâneos. Neste exame 16 pacientes apresentaram alergia (17,2%), outros 16 pacientes não alérgicos com idade aproximada dos anteriores foram aleatóriamente selecionados como grupo de controle.
Resultados
Houve uma prevalência de 17,2% (16) de alergia ao níquel, sendo que 94% (15) ocorreu em pacientes do gênero feminino e 6% (1) em pacientes do gênero masculino.
As mudanças na condição periodontal dos pacientes foram mostradas na tabela abaixo:
Discussão
A prevalência de alergia ao níquel foi significantemente maior em mulheres. Esta maior sensibilidade ao níquel no gênero feminino está relacionada a maior exposição ambiental tais como contato com detergentes, jóias e outros objetos metálicos,enquanto que nos homens está relacionada a exposição no ambiente de trabalho.
O níquel é amplamente utilizado em ortodontia. Contudo, poucos estudos relacionam a influencia deste metal com doença periodontal. Apesar de a inflamação gengival ser considerada uma reação alérgica aos metais dos aparelhos ortodônticos, há um consenso que a doença periodontal depende sobretudo do acúmulo do biofilme.
Os resultados deste estudo sugerem que o níquel pode induzir reações inflamatórias durante o tratamento ortodôntico. Estas reações são caracterizadas por mudanças na cor, hiperplasia, sangramento durante a sondagem.
Os resultados das avaliações da condição periodontal realizadas no início do tratamento e depois com 3 meses não foramdiferentes entre os grupos com e sem alergia. Isto sugere que a condição periodontal destes pacientes era a mesma nestas épocas. As diferenças começaram a aparecer na terceira avaliação ( 9 meses) e pode justificar a influência do níquel neste mecanismo.
Conclusões
- a prevalência de pacientes com alergia ao níquel foi expressiva na amostra estudada ( 17,2%).
- os resultados sugerem um efeito cumulativo do níquel ao longo do tratamento ortodôntico e este efeito está associado com anormalidades periodontais clinicamente significantes.
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4 comentários:
Dr. Ricardo,
Estou com os cantos da boca irritados, ficam bem vermelhos. A princípio achava que era por causa da saliva quando dormia à noite. Agora isso não acontece mais, pois fiz a extraçâo de 04 dentes que proporcionou o fechamento da boca. Tenho alergia ao níquel e acho que essa alergia pode está relacionada ao aparelho. Isso pode acontecer? O que deve fazer?
Grata,
crisleylobo@gmail.com
Olá, Crisley! Você afirma ter alergia ao níquel, foi realizado algum exame para comprovar tal fato? Se a resposta for sim, o que posso sugerir é a mudança do seu aparelho para um que não tem níquel na sua composição.
Por outro lado, você afirma que tem os cantos da boca irritados. Isto pode ser sinal de que você apresenta uma situação chamada "queilite angular".
O que você deve fazer é conversar com o profissional que está fazendo o seu tratamento pois o exame clínico, a anamnese,a história do problema(quando começou) e os exames complementares são fundamentais numa situação como essa e a partir daí tomarem as medidas que forem necessárias.
Segue um link com um artigo sobre queilite angular: http://www.ufpe.br/ijd/index.php/exemplo/article/viewPDFInterstitial/17/13
Olá Ricardo,
há 1 ano e meio iniciei o tratamento ortodontico e 2 meses depois teve inicio uma serie de crises de amidalite, sendo que a garganta não desincha, isso pode ser reação alergica ao aparelho?
PS: Por quinze dias tomei um corticoide e por isso a garganta desinchou, mas ao acabar o tratamento ela voltou a inchar.
Obrigada pela atenção.
Olá Luanita, veja bem. Para uma correta avaliação do seu caso é preciso fazer uma avaliação clínica, exame clínico, anamnese. É complicado eu te dar alguma sugestão do possa ser sem ter um completo conhecimento dessas informações.Poderia te deixar mais confusa ainda. O mais correto é você conversar com o profissional que faz o seu tratamento, ele é a pessoa mais indicada para sanar as suas dúvidas.
O que posso te afirmar é que nestes dois trabalhos que publiquei as reações mais comuns são nas gengivas, lábios, ou até mesmo nenhuma alteração dentro da boca e sim na pele.
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